quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Merda.....................................






















Foi tudo o que me apeteceu dizer há uma hora atrás...
A carta chegou, confirma-se a malignidade. Agora além da consulta de cirurgia que tenho no próximo dia 27 deste mês, tenho consulta de oncologia dia 20 de janeiro...
Tudo o que mais queria era deixar isto resolvido este ano, mas já não terei essa sorte.
Embora sempre tenha sentido que este seria o resultado, há sempre uma esperança que nos vai alimentando, e que nos diz que tudo não passou de um susto. Só que hoje essa esperança caiu e levantou-se outra que me leva a acreditar que o pior já passou e que mesmo que vá fazer o tratamento tudo ficará resolvido...
Não é fácil!!!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Consulta adiada

Hoje ligaram a adiar a consulta que iria ter no próximo dia 6. O médico não está...
Ficou então marcada para dia 27 de Dezembro.
Entretanto fiquei muito constipada, hoje tive que ir ao centro de saúde porque não consegui dormir de noite... Muita dor de cabeça, ouvidos, garganta, dentes, nariz entupido, pingo e espirros.
É este o meu estado de saúde hoje...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um mês depois da cirurgia


Fez ontem, dia 27 de Novembro, um mês que fui operada.
Sinto-me praticamente normal, só ainda não consigo inclinar a cabeça totalmente para trás. Já conduzi no fim de semana passado, já faço todos os movimentos com normalidade, já abusei um bocadinho a pegar em coisas pesadas e até durmo de barriga para baixo como tanto gosto.
Todas as manhãs e noites sinto dor na cicatriz. Penso que é normal, 1 mês não é assim tanto. Também tem estado um bocadinho avermelhada mas é do frio. O buraco do dreno está saliente, parece uma borbulha. Continuo a tomar o cálcio e o eutirox 125.
Hoje fui ao hospital para recolher sangue para análise. No próximo dia 6 irei saber o resultado da análise para ver como estão os níveis de cálcio e se a dose do eutirox precisa de ser ajustada.
Aproveitei para visitar as "minhas" enfermeiras. Gostaram de me ver e disseram que a cicatriz está bonita, depois quase nem se vai notar e que a marca do dreno irá desaparecer.
Ainda não recebi a carta com o resultado da cirurgia e a marcação de consulta com o oncologista. Deve estar para chegar. Não me apetece muito fazer o iodo mas se tiver que ser, que seja...
No geral, sinto-me normalíssima. Não estranho a medicação todas as manhãs porque já tomava o eutirox todas as manhãs há algum tempo, mas em dose mais reduzida. A única diferença são os cuidados com a cicatriz (nívea e nada de sol). A dor entretanto irá desaparecer.
Relativamente à publicação na revista Cosmopolitan, tenho recebido elogios. Espero mesmo que elucide para a prevenção e que ajude a tranquilizar quem estiver a passar pelo mesmo.
Quanto mais cedo se descobrem os problemas mais fácil e certeira é a cura...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A minha história na Cosmopolitan


Já saiu a Cosmopolitan do mês de Dezembro...
Toca a comprar porque vem lá a minha história, como tudo aconteceu comigo.
Já comprei e vou guardar para sempre, para mostrar aos meus filhos e netos.
Desta forma vou conseguir levar a minha mensagem a muitas pessoas, tenho a certeza. Nem que ajude apenas uma já cumpro o meu objectivo.
Se lerem depois digam-me se gostaram...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A quem está a passar pelo mesmo...

Este é o cancro que para a medicina tem mais taxas de cura. Quando detectados precocemente, 95% dos casos são tratados com sucesso não causando qualquer incapacidade. Leiam, pesquisem, informem-se, procurem alguém que esteja a passar pelo mesmo ou tenha já ultrapassado. Embora pareça, não é o fim do mundo. Há pessoas com problemas muito mais graves, há que não tenha comida para matar a fome, há quem não tenha um teto para dormir todas as noites, há quem não tenha um abraço aconchegante todos os dias, há crianças, seres tão pequenos a serem abandonadas, maltratadas, doentes, também com cancro... Há tanta gente pior que nós. Pensem nessas pessoas quando se sentirem em baixo, quando acharem que a vida está a ser injusta com vocês. Qual é a justiça da vida para essas pessoas?
Acreditar é a maior força... Lutem sempre... Agarrem-se a alguma coisa e digam "Eu vou ser capaz", porque eu também VOU SER CAPAZ...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Agora todas as manhãs acordo com dores na cicatriz...depois vai passando...
Não sei se será normal, mas espero que sim...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Para a minha querida Sheila

Quando se atravessa uma situação assim, todas temos necessidade de procurar testemunhos de pessoas que tenham passado por situações semelhantes. Vão surgindo sempre muitas dúvidas e nada melhor que casos reais para esclarecer todos os pormenores. Ao longo do meu processo sempre procurei muita informação e decidi criar este blog para poder partilhar toda a minha experiência, ajudar outras pessoas em passem pelo mesmo, encontrando assim também ajuda para mim. A Sheila foi um anjo que me encontrou a mim e que foi, desde esse dia, um pilar importante. Ela também já passou por esta situação e melhor que ninguém me falou de todos os pormenores. Foi sempre uma amiga, muito prestável, preocupadíssima comigo e que me tranquilizou. Sem dúvida que se não a tivesse conhecido as coisas terias sido bem diferentes. Quero assim agradecer-lhe por tudo o que ela fez por mim e continua a fazer. somos duas vencedoras e tenho muito orgulho em nós... 
Agradeço-te muito por tudo Sheila e tu também és especial. Obrigada pela dedicatória no teu blog...
Um beijo

PS: Para todos os que quiserem conhecer a pessoq de quem falo http://docerefugio.blogs.sapo.pt/ 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

19 dias depois

Hoje está assim...


Ainda não tive coragem de dormir de barriga para baixo, mas já me deito sem apoiar a cabeça. Também ainda não experimentei conduzir nem me atrevi a pegar em coisas pesadas, tipo um garrafão cheio de água. Mantenho a nívea que me alivia bastante quando a cicatriz está mais seca. Já não tenho qualquer problema em passar o dedo sobre ela, está muito lisa e sem imperfeições ao toque. Acho que está muito perfeita e vai ficar bem discreta. O buraco do dreno vai desaparecer por completo. Ainda não passaram 3 semanas, fez hoje 19 dias.

2 semanas após a cirurgia




Duas semanas depois de ser operada, como podem ver, a minha cicatriz está muito melhor. Saí muito pouco de casa estes dias com medo de me constipar. Tenho posto sempre nívea e as croscas foram caindo por elas. Já consigo fazer alguns movimentos que não conseguia. Mas ainda não estou totalmente recuperada. Um destes dias deitei-me sem apoiar a cabeça e dei um esticão que fiquei com uma dor durante um bocado. Também tentei esticar a cabeça para trás e ainda não dá, magoei-me. Mas já consegui fazer as minhas necessidades com normalidade (antes só podia fazer quando não aguentava mais, para não ter que fazer força). A sede e o sono em excesso já passaram. A sensação de pressão também passou entretanto. A minha pele que tinha ficado muito oleosa, assim como o meu cabelo, já voltaram ao normal, mas o cabelo ainda cai demasiado. Comprei umas ampolas e um champõ para ver se começa a cair menos. Está tudo a correr bem.

Consulta 6 dias pós cirurgia



Ainda sem poder conduzir, fui acompanhada pela minha irmã à consulta. Estavam passados apenas 6 dias após a cirurgia e o cirurgião, junto com a minha médica e uma enfermeira esperavam-me para ver como estava a cicatriz. Após desinfectada todos concordaram que estava bonita e que iria passar a andar sem penso. A médica queria que eu a visse ao espelho, porque ainda não tinha tido coragem de o fazer. Acabei por ver, estava mesmo pequena mas tinha crostas, meteu-me alguma impressão, mas teria que aprender a gostar dela... Disseram-me para colocar nívea e nunca andar na rua sem lenço. O sol, mesmo quando está escondido, escurece as cicatrizes. Também não posso usar camisolas de gola alta ou justas ao pescoço para não roçar na cicatriz. Fui proibída de arrancar as crostas. Os medicamentos foram alterados, como o Calcioral está esgotado ele receitou-me o Ideos e assim passo a tomar só 2 por dia. Os restantes mantém-se. Ficou marcada nova recolha de sangue para dia 28 de Novembro e consulta para ver os resultados dia 6 de Dezembro. Nessa consulta ficarei a saber se preciso de continuar com o cálcio e se é necessário ajustar a dose de eutirox. Entretanto, receberei em casa a carta com o resultado do nódulo e a marcação de consulta com um oncologista.
Notei que desde a operação passei a ter muito sono, muita sede e arrepios de frio. Fui alertada que irei ter mais sensibilidade ao frio e calor e que não devo irritar-me/chatear-me muito.

4º dia pós cirurgia

A manhã decorreu com a normalidade de sempre, recolha de sangue, comprimidos, pressão arterial, pequeno almoço, banho... Ao contrário dos outros dias, não fiz o curativo.
Fiquei na sala a ver tv, ansiosa por saber os resultados. Queria muito ir para casa. (Deixei de ter formigueiros na ponta dos dedos das mãos e nas pernas e pés ao fim do 2º dia, curioso que nas pernas e pés tinha um formigueiro muito forte só quando ia à casa de banho).
E, finalmente as análises desta manhã acusaram um valor normal (8,5) que me permitiu ter alta. Mas só soube disso ao meio dia. O cirurgião entregou-me a carta para o médico de família, as receitas dos medicamentos, explicou-me a medicação, tudo direitinho e marcou-me consulta para dois dias depois para ver como estava a cicatriz.
Entretanto encontrei a cirurgiã que esteve presente também na cirurgia e ela disse-me que tiva havido uma falta de comunicação no dia anterior, que poderia ter ido para casa só que a médica que viu o resultado das análises não sabia que para além de toda a tiróide me tinham tirado uma glândula das paratiroides por estar muito próxima do nódulo. Então os valores das análises do dia anterior já eram considerados normais face à retirada dessa glândula.
Despedi-me de toda a gente e às 14 horas estava em casa. Já nem quis almoçar no hospital (detestava a comida de lá).
Já em casa, a sensação de pressão no pescoço continuou, passou apenas ao fim de uma semana. Os movimentos continuaram limitados durante 15 dias sensivelmente. Mas aos poucos fui melhorando e voltando ao normal. Passei a tomar 6 comprimidos de cálcio (calcioral) por dia, o eutirox 125mg e o fixador de cálcio (racaltrol). Desde que voltei a casa que não quis tomar o comprimido para as dores para ver como me aguentava e não tive dores. Claro que se sente sempre uns ardores e a pressão, mas nada que não se aguente. Tive de ter cuidado com os banhos para não molhar o penso e estava completamente proibída de fazer qualquer força.

3º dia pós cirurgia

Este foi o dia em que mais me fui abaixo.. Supostamente iria ter alta, não fossem os níveis de cálcio estarem muito em baixo ainda. Comecei o dia com a recolha de sangue às 6 da manhã, tomei os comprimidos para o cálcio e o anti-inflamatório.
Continuou o ritual do banho completo e entretanto o cirurgião veio falar comigo. Deu-me todas as indicações e as credenciais para ir para casa, mas disse-me que ainda não tinham saído os resultados da análise, logo ele ainda não sabia como estavam os valores do cálcio mas que deu ordem a uma colega para ver porque ele terminava o turno.
Enquanto esperava fui fazer o curativo. Fiquei muito assustada. A cicatriz estava a largar um líquido e como andava lá um surto de infecções nas cicatrizes da tiroide todas ficámos a pensar o pior. A enfermeira chamou outra colega e queria ir chamar o meu médico, mas como ele já não estava foi falar com a médica que estava de serviço. Disse que talvez não houvessem razões para alarme. Mais tarde falei com o meu médico e ele disse que era normal devido ao tipo de sutura que ele me fez e por ter tirado os pontos cedo.
Finalmente saiu o resultado dos níveis de cálcio, 7,5. Valor muito baixo ainda, ou seja mais um dia no hospital quando estava mesmo a contar ir para casa. Fiquei muito triste neste dia.
Como era domingo, a tarde até passou rápido porque tive muitas visitas. Mas é cansativo estar internada quando já me sentia bem e quase sem dor, apenas com os movimentos ainda limitados. Mas quanto aos movimentos, fui aprendendo a mexer-me, dormir, etc de maneira a não me magoar tanto.
Jantei, levei a injecção e fiquei a ver tv até às 23:30 para ver se conseguia passar melhor a noite, porque dormi sempre muito mal lá. Entretanto não sei o que se passou com o meu cateter que começou a magoar-me a arder, fui à enfermeira que me retirou todos os adesivos e viu que estava tudo bem. Só no dia seguinte quando me retiraram o cateter é que vi o porquê de me estar a incomodar, estava todo torto, feito num S.
Mais uma noite...

sábado, 12 de novembro de 2011

2º dia pós cirurgia

Recomeçou com o ritual de medir a pressão arterial, recolha de sangue, pequeno almoço e continuação da enorme pressão no pescoço, à qual se juntou a dor nas costas, associada à má postura. Temos tendência a andar com a cabeça para baixo e as costas tortas para não esticar o pescoço. Tentei contrariar isso mas ainda hoje tenho momentos que me esqueço e ando curvada. A anestesia rebentou-me os lábios, de início pensei que tivesse sido do entubamento, mas vi que não porque elas foram aparecendo todos os dias.
Medicação para subir o cálcio e anti-inflamatório.
Deram-me autorização para tomar banho completo e sem ajudas. Confesso que tive medo de o fazer sozinha e estava reticente para lavar a cabeça com medo de levantar os braços. Ainda tinha o dreno. Demorei algum tempo a conseguir mas nem custou nada de outro mundo.
Fui fazer o curativo, tinha o penso molhado. Retiraram-me os restantes pontos e o dreno. Não vos vou mentir, mas o dreno custou bastante a tirar. Estava preso com 2 pontos e começou a cicatrizar com a pele. A sensação é muito estranha, parece que estão a tirar a tripa a uma galinha e a dor é forte. Ao mesmo tempo foi um alívio por saber que não tinha que carregar mais com aquilo. É muito desconfortável andar com aquele "bebé" (como as enfermeiras chamavam) sempre atrás.
Os valores de cálcio continuavam baixos e ainda não teria alta. Só no dia seguinte.
Comecei a passar os meus dias na sala onde tinha uma tv e uns sofás desconfortáveis com uma amiga que estava na mesma situação que eu. Fomos uma grande ajuda uma à outra e partilhámos tudo o que iamos sentindo para ver se seria normal. Deixei de ter paciência para estar no quarto ou na cama. Continuava sem vontade de ler. E todos os dias ao jantar era picada na barriga, como referi antes, para o sangue não coagular.
Aquela dor interna na garganta passou.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

1º dia pós cirurgia

(Foto retirada no dia seguinte à cirurgia)

24 horas após a cirurgia (28 Outubro) posso contar-vos que a noite foi muito mal passada, como referi antes, o medo de arrancar o dreno ou o soro era muito, o conforto também não era muito e a mobilidade muito reduzida.
Acordei cedo, às 7 da manhã, para me recolherem sangue e medir a temperatura. Esta foi uma rotina que fui aprendendo durante todos os dias de internamento. É importante esta recolha sanguínea para controlar os níveis de cálcio. Com esta cirurgia, uma das possíveis consequências é a baixa de cálcio e também a rouquidão. Avisaram-me logo para estar atenta aos formigueiros que poderia ter nas mãos, pés ou boca. Deveria avisar as enfermeiras se isso acontecesse. Isso são os primeiros sintomas da baixa de cálcio.
Por volta das 8 e meia retiraram-me o soro mas continuei com o cateter porque poderia ter que levar algum medicamento e evitavam de me voltar a picar.
Pela primeira vez após a cirurgia tive autorização para me levantar. Com ajuda lá me sentei na cama, mas tive muitas tonturas. Fiquei assim sentada por uns minutos antes de me levantar. No local da cicatriz sentia ainda mais pressão e ardor. Retomei os alimentos, e tomei um pequeno almoço normal, com alguma dor interna ao engolir. Só me deixaram tomar duche e com ajuda, não consegui nem vestir-me sozinha.
Hora do curativo, com autorização para retirar metade dos pontos. No dia da cirurgia cheguei a perguntar ao cirurgião quantos pontos tinha mas ele não ajudou muito "10, 20, 30, 40, 50, os suficientes". A enfermeira contou 11 pontos mas recusou-se a retirar os 5 que estavam autorizados alegando que ainda era muito cedo, o médico que os tirasse. Então tratou das feridas e voltou a tapar.
Voltei para o quarto e entrou logo o cirurgião e a minha médica. Retiraram o penso e eliminaram os 5 pontos. Não tive coragem de ver o corte ao espelho, mas tirei foto (foto ilustrativa do post "de volta a casa"). Foram ver o resultado da análise e os níveis de cálcio estavam baixos, mas ainda não tinha tido formigueiros. Fui logo medicada (uma embalagem via cateter e uma injecção).
Almocei normal.
Iniciei comprimidos de cálcio e anti-inflamatório. Senti necessidade de descansar, cada vez era mais forte a pressão no pescoço, parecia que tinha alguém a apertar-me. Mas no geral estava bem disposta.
Senti novamente cansaço ao fim da tarde e depois de jantar fiquei com catarro, tinha necessidade de tossir para o soltar. Era uma sensação estranha, não doía mas tinha medo de rebentar com a costura. Comecei a sentir o formigueiro nas pontas dos dedos das mãos. Deram-me um comprimido para as dores antes de dormir. Mais uma noite mal dormida. Supostamente teria alta no 2º dia após a cirurgia, mas com os níveis de cálcio baixos não me deixam ir para casa, só quando voltarem ao normal.



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O dia da cirurgia

(Foto retirada no dia da cirurgia, durante a tarde)

Chegado o dia D (27 de Outubro 2011), quinta-feira, fui acordada pelas enfermeiras às 6 e meia para me preparar para a cirurgia. Estava marcada para as 8 horas. Entregaram-me uma toalha e uma bata que era aberta nas costas para vestir após o duche. Não podia ter verniz, brincos, piercings, pulseiras, etc. Então tratei de tirar o piercing, a grande custo, mas lá consegui. Arranjei-me e fiquei à espera na cama porque tinha que ir nessa boleia para o bloco, não me deixaram ir pelo próprio pé. Aí é que comecei a ficar um bocadinho nervosa, foi quando caí na real. Não sou de sofrer por antecipação, mas tinha chegado a hora. Entretanto, no quarto, meteram-me a soro, deram-me um comprimido que depois soube que era um calmante e desci às 7 e 40.
Colocaram-me numa sala grande onde estavam mais umas quantas pessoas na minha situação. Tive mais um tempinho, aí uns 10 minutos, talvez, para voltar ao estado nervoso. Entretanto levaram-me para a janela onde fui transferida através de uma passadeira rolante, que deu a sensação que ia cair, e passaram-me para uma plataforma muito estreita, ensima da qual fui operada. Senti algum frio, pois na zona dos blocos as temperaturas são muito baixas para prevenir o desenvolvimento de bactérias.
Finalmente na sala de operações, tal e qual como se vê nos filmes, aqueles aparelhos todos, lampadas, etc. Nunca na vida tinha sido operada, foi tudo novidade. Já na sala lembro-me de estar com a anestesista que conversou comigo e disse que me ia fazer uma única maldade que era colocar-me uma fita na testa que tinha muitos picos, doeu um bocadinho mas nada de mais, fiquei com ela durante a operação mas ainda hoje não sei para que era aquilo. Falei com o cirurgião, prometeu fazer um corte pequenino e não me deixar sem voz. Disse-me que a cirurgia demoraria 2 horas e meia. Lembro-me de ter 2 enfermeiras bastante jovens e simpáticas que me prenderam os braços, colocaram a mola no dedo, os selos para estar ligada à máquina por causa do coração, calçaram-me umas botas quase até ao joelho para eu não ter frio. Não tenho a certeza mas acho que também havia um enfermeiro. Foram todos impecáveis comigo, e mantive-me calma. Senti darem-me uma injecção no cateter, um líquido branco, e tinha perto da boca uma máscara que a anestesista segurava. Disseram-me que me iam acordar no fim da cirurgia e que eu falaria para eles e depois não me iria lembrar (aconteceu exactamente isso). Entretanto, fui alertada que iria ver tudo a andar à roda e aconselharam-me a fechar os olhos, apartir daí não me lembro de mais nada, lembro-me apenas de ouvi-los dizer "são 11 horas". Ou seja, já tinha sido operada.
Fui para a sala de recobro e colocaram-me um tubo no nariz para ajudar na respiração, senti alguma dor a colocarem isso. Tinha o aparelho de medir a pressão arterial no braço, que ia medindo de x em x minutos (não tenho noção do intervalo de tempo) e tinha a mola no dedo que era muito desconfortável. Queria manter-me acordada mas não conseguia, sei que andava por lá muita gente e havia sempre um enfermeiro que ia de x em x tempo ao pé de mim e escrevia num caderno. Não tinha dores, estava meia hipnotizada ainda, tinha a noção de onde estava mas só queria dormir. A minha mãe chegou a ligar para lá para saber como tinha corrido e disseram-lhe que eu estava muito dorminhoca. Fiquei 3 horas no recobro. Não me recordo do caminho até ao quarto, mas sei que cheguei lá eram 14 horas.
Continuei a dormir e não me lembro de muita coisa, continuava a soro e tinha um dreno para onde eram libertados os restos de sangue (uma espécie de garrafão transparente que se manteve comigo durante 2 dias e que ia comigo para todo o lado). A única coisa que sentia no pescoço era uma pressão enorme, parecia um grande peso. Para as dores deram-me uma dose forte.
Recebi visitas nessa tarde, descobri que não estava rouca. Estava bem disposta mas adormecia sem dar por mim.
Serviram-me um chá às 20 horas, soube bem mas tinha dores na garganta, semelhantes às de uma normal inflamação na garganta. Estas dores foram causadas pelo entubamento durantea  cirurgia. Para quem não sabe, depois de estar a dormir eles fazem umas maldades, colocam um tubo na boca para ajudar na respiração. Mas essa dor passou ao fim de 2 dias.
Deixaram-me descansar e então comecei a sentir dores no local e nas costas. Neste dia o médico ainda passou no quarto (ao início da tarde) e proibiu-me de sentar ou levantar. Então como tive muita necessidade de fazer os meus xixis, devido ao soro, pedi a arrastadeira umas 8 vezes.
Foi muito complicado dormir pois tinha medo de arrancar alguma coisa durante a noite, soro de um lado e dreno para o outro, mas também não tinha muita mobilidade. Ajudavam-me de vez em quando a virar um bocadinho de lado apoiada numa almofada. Mas era desconfortável porque sentia dor no corte.
Noite mal dormida...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Internamento

Nos próximos posts vou contar como correram os meus dias durante o internamento.

Fez hoje exactamente 2 semanas que fui internada nos HUC para fazer a minha cirurgia. Fui internada às 9 da manhã do dia 26 de Outubro, em jejum, para serem efectuados todos os exames necessários. Foi uma manhã chuvosa e stressante não tanto devido ao que iria acontecer mas por causa do trânsito que apanhámos, eu e a minha irmã, até Coimbra e também pelo tempo que demorámos a conseguir arranjar um estacionamento no hospital (seguramente andámos 40 min dentro dos HUC à procura de um lugar).
Dei entrada na secretaria do piso 3, onde encontrei a minha médica que me apresentou ao cirurgião. Larguei as coisas no quarto e fui à enfermeira que me recebeu logo bem, com um cateter no meu bracinho. Ai que dor... Aproveitou e recolheu logo sangue para análise, através do cateter. Tomei um pequeno almoço que me esperava, já frio, o típico leite com café e um pão com queijo (queijo que eu detesto). Juntamente com 2 outras senhoras que iriam fazer também cirurgia à tiróide, fui ao otorrino, que me viu apenas a garganta e aproveitou para me elogiar os dentes. Fizemos um raio-x ao torax, conheci a anestesista que me colocou algumas perguntas me auscultou. Soube por ela que seria a primeira da manhã a ser operada, às 8 horas. Seguiu-se um electrocardiograma (que confirmou um bloqueio incompleto no ramo direito), pressão arterial e febre.
Por incrível que pareça não estava nervosa, apenas tinha frio e sentia-me sozinha. Queria conseguir fazer alguma coisa para passar o tempo mas não conseguia nem ler nem pegar no pc.
À hora de jantar deram-me uma injecção na perna, para o sangue não coagular. Tomei essa injecção todos os dias mas passaram a dar-ma na barriga, até ao dia de vir embora.
Fui para a cama às 20:50 sem saber o que fazer. No hospital tudo se faz cedo demais...
Desisti da cama e fui até à sala onde tinha uma tv. Acabei por me deitar às 23h, sempre com dificuldades em dormir, durante todo o internamento. Fui acordada pelas enfermeiras à 1:45 para as observações de rotina que me viria a habituar (medir pressão arterial e febre). Adormeci, calma...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

De volta a casa


Olá a todos,
Estou de volta a casa...
Aliás voltei na passada 2ª feira, dia 31. Não correu exectamente como estava previsto porque os meus níveis de cálcio baixaram imenso e teimavam não normalizar. Agora em casa estou a tomar 8 comprimidos diários e a curar bem a minha cicatriz para que fique quase imperseptível. 
Esta foto foi tirada passadas 24 horas da minha cirurgia, na manhã do dia seguinte. Levei 11 pontos. Neste momento não tenho pontos e já tirei o penso na 4ª feira.
Ainda tenho os movimentos presos e a sensação constante de que me estão a apertar o pescoço, normal da cicatrização.
Em breve descreverei como tudo correu, pormenorizadamente.

Está tudo a correr bem...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Próximo passo: fazer a mala... pijamas, robe, chinelos, e essas coisas.
Amanhã a esta hora lá estarei.

Darei notícias quando regressar...

Até breve a todos!!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A cicatriz

Há momentos que penso que deverei encará-la depois com orgulho por ter vencido a luta, mas há outros em que penso que não vou gostar nada de a ter bem aqui, à vista de todos.
Os lenços e cachecóis serão os meus aliados, gosto muito destes adereços, mas ainda não tenho a certeza se estou preparada para isso.
À primeira vista pode parecer que dentro do problema é o mais fácil de encarar mas, numa pessoa jovem como eu, faz-me imensa confusão e logo eu que sou uma medricas e não tenho coragem para ver essas coisas. Como é que irei reagir ao facto de ter que lhe tocar todos os dias? Quando conseguirei olhá-la pela primeira vez? Logo se verá...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cirurgia marcada

Bem, hoje foi o dia que eu já esperava há quase 3 meses... Finalmente foi marcada a minha cirurgia, próxima 5ª é o dia fatídico...
Tenho que estar lá na 4ª (dia 26 de outubro) às 9 da manhã...
Já bate aquele nervoso miudinho, mas nem quero pensar muito no assunto para não sofrer por antecipação, tenho tempo lá pa 3ª feira....

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Encarar o futuro

Bem, num futuro próximo sei que tenho que ter muita força e que ultrapassar este obstáculo. Tenho noção que terei que tomar um comprimido para o resto da vida e de uma coisa tenho certezas, após a cirurgia a minha tiróide não me trará mais problemas (porque vou mesmo ter que a remover toda). Se por acaso após a cirurgia me forem detectados ainda restos de matéria cancerígena (é sinal que essa massa passou para outra parte do corpo), tenho noção que terei que passar por um tratamento de iodo radioactivo, que requer uma dieta especial e isolamento total, para remover os restantes tecidos. Ainda assim, sei que tenho que ser seguida praticamente toda a vida para prevenir qualquer aparecimento noutra parte do corpo. Nada me impedirá de manter a minha vida com normalidade, ter filhos e ser feliz. Espero!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Afinal foi falso alarme, era só para eu cancelar o pedido de cirurgia do piso em que estava (Cir A) para poder dar entrada do pedido neste piso agora (Cir B).
Ligaram do hospital, às 9 e 15, mas eu não estava. Então disseram que ligavam 2 horas depois.
O telefone deve estar para tocar...

AIIIII

Será que alguém desistiu e eu vou já na próxima semana??

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Novidades

Cheguei agora de Coimbra...
Então foi assim, a médica questionou-me sobre o que aconteceu, ao que eu expliquei todos os passos que tinha dado naquele hospital, confirmou-se que a minha endocrinologista se tinha enganado ao transferir o meu processo para a cirurgia. A Dra. hoje pediu-me que ficasse tranquila que estes casos tem sempre sucesso e disse-me que é natural que quando uma pessoa está "doente" fica mais fragilizada e deve-se ter cuidado como se dizem as coisas. Quis referir-se ao médico cirurgião que me consultou em Agosto. Perguntou-me se ele era mais novo que ela. E sem dúvida que sim, deve ter idade para ser filho dela. A resposta dela foi que ele então não tem experiência e ainda lhe falta muito "calo". Ela acha que este não me deveria ter dito as coisas da forma que disse e riu-se de certas informações dadas por ele. Então referiu que não há certezas, é só uma suspeita e que só depois da cirurgia é que irão analisar o nódulo. Também a questionei sobre a cicatriz ao que ela me referiu que normalmente optam pelos pontos externos e ela também o faz mas retira os pontos o mais cedo possível para evitar as marcas. A sutura interna por vezes é rejeitada pelo corpo. Ela não sabe me irá operar ou se será outro colega. O tempo de internamento é normalmente 2 ou 3 dias. E quanto à cirurgia em si, não poderá ser na próxima semana porque já estão os dias todos marcados e que ela vai tentar que seja na semana seguinte, portanto na de 24 a 28 de Outubro. Irei na véspera para efectuar todos os exames necessários. Até a questionei sobre a data e disse-lhe que tenho um casamento a 20 de novembro e precisava de dar uma resposta à minha colega. E ela impecável disse, claro que vais, se não fores operada antes serás depois. Pediu-me que fizesse a minha vida normalmente sem deixar de fazer nada, porque assim será após a cirurgia. Só terei que ter cuidado com o sol e colocar sempre creme, foram as palavras dela. Desta vez pareceu-me muito mais simpática do que das outras, vamos então ver como corre e se finalmente isto se resolve.

Hoje é o dia... consulta

Hoje é o dia de mais uma consulta, e espero que seja a última antes da cirurgia. Gostava que a cirurgiã logo me dissesse para estar lá na próxima segunda.
Incrivelmente não estou nervosa, quero é sair disto o mais depressa possível.
Não vejo a hora...

PS: Logo trarei as novidades

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Alguma vez pensei no pior?

No início tive muito medo, medo da dor, porque detesto agulhas, nunca fui operada, muito menos estive internada num hospital. Também tive medo da solidão, de perder certas pessoas. Mas em momento algum pensei que iria morrer por causa disto. Este é o cancro que tem mais taxas de cura e eu sempre fui uma miúda forte e lutadora, embora muito sensível. Sempre tive a certeza que isto nunca iria, nem vai derrotar-me. Tenho a certeza que serei operada e ficarei curada para seguir a minha vida com normalidade, ter a minha própria família e ser muito feliz.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Como reagiu a minha família?

No dia em que souberam ficaram todos em choque, todos choraram. E nos dias que se seguiram também notava nos rostos deles que tinham chorado às escondidas. Entretanto, noto que todos se sentem mais tranquilos, pelo menos é isso que transparecem. Mas a minha mãe, quando fala disso com alguém, ainda não contém a emoção, embora tente fazê-lo sem eu me aperceber. Mas acho que todas conhecemos muito bem as nossas mães, elas não nos conseguem "enganar".

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Como lidei com o problema nos primeiros tempos?

É um enorme sentimento de impotência. Só me perguntava "porquê a mim?, não fiz nada para merecer isto". Custou-me mais ver os meus a sofrer do que propriamente o meu sofrimento. Não era justo... Passei pela fase da negação, não queria que mais ninguém soubesse porque detesto que sintam pena de mim. Então optei por não contar a outras pessoas, só que as coisas foram-se sabendo e comecei a receber abraços, mensagens de força, etc. Detesto notar que as pessoas acabam por ter pena de mim. Todos foram apanhados de surpresa porque quem olha para mim diz que tenho muita saúde, sou uma pessoa alegre por natureza e sorrio sempre, sempre sorri muito. Após essa fase da negação, aceitei o problema e convenci-me que só eu poderia lutar para ultrapassar esta etapa menos boa. Neste momento sinto-me com força e sei que vou ficar bem, só estou ansiosa para que o dia da cirurgia chegue e passe depressa. É muito importante o apoio da família, do namorado e dos amigos, simplesmente saber que eles acreditam e estão do meu lado. Em família optamos por nunca falar do tema, claro que é impossível não lembrar, mas pelo menos pensa-se menos. Ah e pesquisei sempre muito sobre o tema em livros e na internet, procurei blogs e tentei contactar pessoas que estejam ou tenham passado pelo mesmo problema, até já cheguei a ver um vídeo de uma cirurgia.
Agora estou convencida e ansiosa para que tudo passe rapidamente e eu fique bem...

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sonhos ou talvez pesadelos

Ultimamente tenho sonhado muito mas nunca me consigo lembrar de nada quando acordo. Esta noite sonhei que estava presa num elevador sozinha e não conseguia sair nem ninguém me ajudava. Estava muito assustada e com muito medo. Entretanto, a porta abriu-se e eu acordei. Sonhei também sobre a manhã que estava no hospital a fazer os preparativos para a minha cirurgia... O que quererão dizer estes sinais?

domingo, 2 de outubro de 2011

Novidades, mas poucas

Após várias chamadas para o hospital, tentativas de falar com a endocrinologista e com a cirurgiã, finalmente consegui que na quarta-feira a minha cirurgiã fosse ver o que se passava com o meu processo. Ao que ficou em dar-me uma resposta na sexta (30 de Set). Bem então basicamente o que se passou foi que a minha endocrinologista se enganou quando me passou novamente para a consulta de cirurgia. Em vez de me mandar para a minha médica inicial (piso II) mandou-me para o piso III. Daí a razão para eu não ter sido consultada pela médica que deveria. No entanto, mesmo assim não entendo porque é que o meu processo não desenvolveu, tendo sido consultada por outro cirurgião... Pelo menos a minha cirurgiã agora marcou-me uma nova consulta, desta vez com ela, para o próximo dia 12 de Outubro para ver se resolvemos o problema, finalmente.
Até lá continuo a esperar...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cunhas aqui e ali

Neste nosso pequeno país, hoje em dia, só se safa quem tiver cunhas aqui e ali. Já há muito me apercebi disso no que concerne a empregos, mas cada dia tenho mais certeza que isso acontece muito também no sistema de saúde. O que é uma grande injustiça... Vejamos que, supostamente sendo o meu caso muito urgente, deveria ser operada num prazo máximo de 4 semanas, a contar da data da consulta de cirurgia que foi a 2 de Agosto. Hoje são 23 de Setembro...
E depois ainda como se não bastasse aparecem na televisão pessoas que dizem ter sido operadas no HUC para mudança de sexo.. Onde é que isto já se viu, uma pessoa com um problema grave tem que esperar e arrisca cada vez mais o seu estado de saúde para dar lugar a cirurgias de alteração de sexo. Isto é gozar com as pessoas que realmente precisam...
Sem comentários!!!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Cancro na tiróide: o que é e como lidar


"Acontece em todas as idades e mais em mulheres, mas todos temos de estar atentos a ele
Câncer de tiróide é o mais comum dos cânceres do sistema endócrino e ocorre em todas as faixas etárias, atingindo na sua maioria mulheres acima de 35 anos. Porém, pode ocorrer também em homens e mulheres entre 25 e 65 anos, sendo três vezes mais freqüente nas mulheres, bem como as outras doenças referentes à glândula tireóide.
Trata-se de um tumor maligno de crescimento localizado dentro da glândula tireóide. Não é um tipo de câncer comum, mas é tratável e tem altos índices de cura, desde que detectado em seu início. Exames periódicos fazem parte do acompanhamento de rotina pelo resto da vida e são recomendados pelo médico – mesmo quando o tratamento é bem sucedido, com a finalidade de pesquisar se houve recorrência, ou seja, reaparecimento da doença no pescoço ou em outras partes do corpo. Isso porque até 35% dos cânceres de tireóide podem voltar – e cerca de um terço dessas recorrências só surgirão com mais de 10 anos após o tratamento inicial.
A maioria dos cânceres tiroidianos manifesta-se como nódulos na tireóide, sendo que 90% dos casos encontrados na população adulta são benignos. O número de casos de câncer de tiróide diagnosticados aumentou em 10% na última década, mas o número de mortes relacionadas ao carcinoma tireoidiano diminuiu. Aproximadamente 85% dos pacientes diagnosticados e tratados em estágio inicial mantém-se vivos e ativos.
A classificação dos cânceres de tireóide (ou tipo histológico) está descrita abaixo e há necessidade da avaliação de uma amostra de células (colhidas por punção aspirativa por agulha fina ou PAAF) ou parte do tecido tireoidiano (retirado pela cirurgia) para finalizar o diagnóstico:
- Carcinoma papilifero: é o tipo mais comum, presente em 65% a 85% de todos os casos. Pode aparecer em pacientes de qualquer idade, porém predomina entre os 30 e os 50 anos. Devido à longa expectativa de vida, estima-se que uma entre mil pessoas tem ou teve esse tipo de câncer. A taxa de cura é muito alta, chegando a se aproximar de 100%.
- Carcinoma folicular: tende a ocorrer em pacientes com mais de 40 anos, compreende de 10% a 15% dos casos de câncer de tireóide. É considerado mais agressivo do que o papilifero. Em dois terços dos casos, não tem tendência à disseminação. Um tipo de carcinoma folicular mais agressivo é o Hurthle, que atinge pessoas com mais de 60 anos.
- Carcinoma medular: afeta as células parafoliculares, responsáveis pela produção da calcitonina, hormônio que contribui na regulação do nível sangüíneo de cálcio. Esse tipo de câncer costuma se apresentar nas taxas de 5% a 10% e são de moderadamente a muito agressivos, sendo difícil o seu tratamento.
- Carcinoma anaplásico: é muito raro, porém é o tipo mais agressivo e tem o tratamento mais difícil entre todos os outros, sendo responsável por dois terços dos óbitos causados por câncer da tireóide.
A agressividade do tumor, resposta ao tratamento e a disseminação das metástases dependem de vários fatores, entre eles:
- Tipo histológico: em tumores mais diferenciados, ou seja, aqueles cujas células se parecem mais às células originais da tireóide, respondem melhor ao tratamento. Nos tumores indiferenciados, ou aqueles em que as céluas tumorais perderam a arquitetura da célula original tireoidiana, são de difícil tratamento;
- Tamanho inicial: os tumores menores, na maioria das vezes, têm a menor chance de metastatizar;
- Idade do paciente vs. diagnóstico: os extremos das idades (idosos e crianças) apresentam tumores com maior potencial de risco.
A detecção e o tratamento precoces garantem o sucesso do tratamento no câncer de tireóide, além de ser necessária uma monitorização freqüente para avaliar se há risco de recorrência. É muito importante que os pacientes realizem esse acompanhamento periódico e vitalício, conversem com seus médicos a respeito das dúvidas e preocupações que possam vir a ter e tenham cuidado ao buscar informações na internet, onde muitos sites passam informações inexatas e sem procedência confiável.
Quando nos deparamos com o diagnóstico de câncer é realmente assustador. Conhecer sobre o assunto pode ajudar a superar temores. Se você ou alguém que você conhece teve diagnóstico de câncer de tireóide, saiba que as perspectivas de tratamento são excelentes. Na maioria dos casos, esses cânceres são totalmente retirados pela cirurgia (tiroidectomia) e controlados, posteriormente, por exames de sangue e de ultrassonografia solicitados pelo endocrinologista."

Informação publicada pela Dra. Glaucia Duarte em www.draglauciaduarte.wordpress.com (16 Dezembro 2008), autorizada a publicação no meu blog. Foto minha, Cátia Almeida

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

E chegou a famosa carta do HUC

Depois de constantes situações de azar, ainda tinha que ficar sem carro. No sábado, para ir para um casamento partiu-se a embraiagem e puff... Só mais um momento a juntar a tantos outros que vêm sendo hábito na minha vidinha.
Como se não bastasse, hoje estava crente que me iriam ligar para me mudar por uns dias para o HUC, mas claro, era bom demais para ser verdade. Ao contrário disso recebi foi uma carta para ser transferida para o centro hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro em Vila Real para ser operada JÁ. Bem eu não tenho nada contra os senhores doutores desse hospital, mas é que moro bem longe e essa será uma altura em que vou precisar é de ter bem perto de mim a minha familia e amigos, além disso tenho sido seguida em Coimbra, logo quero ser operada lá. Se bem que segundo informações internas, o HUC é o sítio mais propenso a apanhar infeções. Nem quero pensar nisso, neste momento o que quero é ficar bem. Mas é humanamente complicado manter-me firme e de cabeça erguida com toda esta espera desgastante. Nestes casos toda a espera é demais e isto faz-me pensar que quanto mais tempo esperar pior poderá ser a minha situação, porque sendo este o cancro com mais taxas de cura, se entretanto passar para outras partes do corpo o sucesso já será mais complicado.
Às vezes sinto uma dor forte na minha cabeça, começa na nuca, afecta-me o ouvido direito e vem até a parte frontal da cabeça. Acredito que seja o stress, mas ao mesmo tempo tenho-me sentido mais frágil e canso-me com mais facilidade. Ao contrário do que me acontecia antes, não choro, mas sinto uma necessidade enorme de afecto...
Passando à carta que recebi hoje e à qual já respondi, o assunto era: "emissão de nota de transferência aos 75% TE". Então basicamente dizia que de acordo com o regulamento, foi emitida uma nota de transferência através da qual eu deveria escolher um dos hospitais identificados (mas a escolha não podia ser muita porque apenas tenho opção pelo de Vila Real) para realizar a minha cirurgia. Então eu recusei e segue-se a informação descrita na carta, "manterá o seu lugar na lista de espera e será chamada logo que possível... se atingir o tempo máximo de espera sem ser operada, receberá um vale cirurgia para poder ter nova possibilidade de transferência." E mais, se eu não respondesse a esta carta a minha inscrição seria cancelada no HUC e teria que iniciar todo o processo.
Ora bem toda esta novela me dá vontade de rir, primeiro sou informada que por ser um caso "raro" e com alguma gravidade não irei para lista de espera e serei operada no prazo máximo de 4 semanas, isto no dia 2 de Agosto, tendo em conta que hoje já é dia 12 de Setembro... sem comentários. Depois isto parece uma promoção de supermercado, onde os utentes até têm direito a vales e novos vales... Não há palavras, uma pessoa pode morrer que aó depois é que é chamada para ser tratada...
É este o nosso sistema de saúde, bem-vindos...
Ah, e rezem para que não precisem muito dele...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que senti naquele dia 24 de Junho 2011


O texto que passo a transcrever ilustra o momento da descoberta...
"Foi assim que me senti na sexta-feira (24 de Junho 11) após ouvir "confirma-se o que eu suspeitava". Ela sabia e eu, de certa forma, também suspeitava, só não acreditei que fosse assim tanto. Custou muito ler aquelas palavras e aguentei as lágrimas dentro daquelas 4 paredes. Toda a viagem me perguntei porque isto me estava a acontecer a mim, enquanto sentia lágrimas pelo rosto, geladas. Gerou-se uma confusão na minha cabeça, a barriga doía e só me apetecia meter para fora o nada que tinha dentro do meu estômago. Pensava como poderia eu contar aos que me amam o que se estava a passar. Cheguei, carregada de um nervoso incontrolável, a chorar... "Então?", perguntaram... Bastou aquela palavra só para deixar todos desolados e em lágrimas. É uma enorme sensação de impotência. Custa muito ver o sofrimento que gerei à minha volta, estão todos em sofrimento por causa de mim. Não queria que isso acontecesse.
Eu... estou tranquila, mas mentiria se dissesse que estou bem. Sei que serei capaz e "ele" não me consegue vencer. Só ainda não consigo evitar as lágrimas sempre que alguém me diz "força". Aí o meu coração ainda treme e fico com um nó na garganta. Mas isso o tempo ajudará a que eu consiga dizer o quão forte eu vou ser nos próximos meses.
Não quis contar a ninguém além dos meus pais, avós paternos e ao meu namorado. Não quero que ninguém sinta pena de mim. Eu não estou doente, só tenho um corpo estranho dentro de mim que rapidamente será removido.
Tenho consciência do que me espera e do quão duro serãos os próximos meses, mas eu sou forte e vou prová-lo a todos os que gostam de mim. Comigo sei que terei sempre os que mais me amam. Obrigada a todos!! Mantenham-se comigo porque ainda que não admita, eu preciso de vocês."

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ansiedade vs nervosismo

Continuo à espera que o telefone toque...
À medida que os dias passam vou ficando mais nervosa, sei que tem que ser mas quanto mais espero pior se torna a situação. Queria que fosse o quanto antes, assim quando estiver está....

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Consulta de cirurgia

Na passada 3ª feira fui à consulta de cirurgia para saber os últimos detalhes antes de ser operada. Fui vista por um médico novo que mal leu o processo me disse: sabes que vais ser operada e vamos-te tirar tudo. Por acaso eu já tinha conhecimento disso, caso contrário seria indelicado o assunto abordado daquela forma. Aproveitei para esclarecer algumas dúvidas. A tiroidectomia total (remoção total da glândula da tiróide) não me trará problemas ao nível intestinal, de estômago, de intolerância ao frio e calor, de stress, de fertilidade, etc. praticamente o que ele me disse foi que é-me retirada toda a tiróide mas que tomarei um comprimido  de levotiroxina pela manhã (como já tomo, mas com uma dose superior) que substituirá toda a função desta glândula. Também me esclareceu que normalmente a cicatriz tem cerca de 6cm e que acerca da mesma tudo varia consoante o cirurgião, uns dão pontos que terão que ser removidos, outros optam por pontos absorvíveis pelo organismo e outros apenas colam. Além do corte terei dois drenos que, na melhor das hipóteses, ficarão comigo apenas nas 24 horas posteriores à cirurgia, estes drenos servirão para o corpo libertar restos de sangue,etc. O cirurgião explicou-me também as principais consequências da cirurgia: o acto cirúrgico pode levar à lesão de pequenas glândulas paratireóides que regulam o metabolismo do cálcio na circulação e nos ossos pela produção do hormônio PTH. A maior parte das pessoas operadas existe queda do cálcio no sangue com sintomas de formigueiro, contração muscular e perda de cálcio nos ossos fazendo-se, portanto imprescindível a reposição de cálcio que pode ser permanente ou passageira, através da toma de 2 comprimidos diários. Pode ocorrer também certa rouquidão por lesão dos nervos das cordas vocais, que será transitória ou permanente de acordo com o nível da lesão sofrida. A vida sem tireóide exige um acompanhamento periódico com endocrinologista e quando necessário ajuste das doses de levotiroxina. Uma das minhas maiores dúvidas prendia-se com o tratamento pós-cirurgico com iodo radioactivo. Fiquei mais tranquila por saber que nem sempre é necessário ser administrado. Cerca de 2 meses após a cirurgia terei que fazer novamente a cintigrafia para avaliar que restaram metástases. Caso isso se verifique aí sim, terei que efectuar o tratamento de iodo que requer isolamento. No que se refere ainda à cirurgia, o tempo de internamento pode variar entre os 2 e os 7 dias, depende da recuperação.
Serei entretanto chamada para ser operada dentro de 1 a 3 semanas. Neste momento nem sei o que mais me assusta, só quero que passe depressa e que logo logo esteja recuperada.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Férias

Porque também já estou a merecer, esta vai ser a minha loucura dos últimos anos. Vou passar uma semaninha a Samaná com o meu menino. Vai ser concerteza algo inesquecível. O dinheiro não é muito nesta altura da minha vida, mas tenho que aproveitar enquanto posso!!
O resort mais à esquerda e mais perto do mar será o nosso quarto. De meter inveja, eu sei, mas também não posso ter só coisas más na vida, mereço uma semaninha assim.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Como começou

Todos os anos, como rotina, realizo alguns exames para ver o estado da minha saúde. E como sigo a regra, em Maio do ano passado pedi para fazer análises ao sangue. A médica que me passou a credencial também pediu análise à TSH (thyroide stimulating hormone - hormona estimuladora da tiróide que é produzida pela hipófise, também conhecida como tirotropina), nunca tinha efectuado este diagnóstico. Quando recolhi os resultados verifiquei que os valores estavam acima do normal (5,45 quando o normal é entre 0,40 e 4,40). Repeti as análises 2 semanas depois e esse já estava nos 6,72. Estes valores são representativos de hipotiroidismo - afecção resultante de uma produção insuficiente ou mesmo nula de hormonas tiroideias.
A médica aconselhou fazer uma ecografia à tiróide. Saí em lágrimas do consultório, pois o médico disse algo do género, vai já para o IPO fazer uma biópsia porque isto está muito feio e tens que ser operada. Claro que a notícia foi um relâmpago, não estava à espera de ouvir isto. O relatório dizia "ausência de alterações no lobo esquerdo. No lobo direito identificamos uma formação nodular de contornos francamente irregulares hipoecogénica com inúmeras microcalcificações e cone de sombra. Formação nodular com cerca de 9x10mm que terá que ser biopsada já que o seu aspecto é agressivo."

Comecei a ser consultada no Hospital da Universidade de Coimbra, no piso da cirurgia. Efectuei análises novamente e fiz a primeira biópsia. Os valores da análise continuavam elevados e a biópsia teve resultado inconclusivo pois só me conseguiram retirar sangue. Posso garantir que a biópsia é das piores coisas que se pode fazer, é bastante dolorosa e não temos qualquer anestesia. Todas as que fiz tiveram acompanhamento com ecografia uma vez que o meu nódulo é profundo e se encontra perto da carótida (vaso sanguíneo que leva o sangue arterial do coração até ao cérebro).
A cirurgiã que me estava a seguir recomendou fazer uma cintigrafia para conseguir decifrar se o meu nódulo era quente ou frio. Consistiu na injecção de substâncias radioactivas após a qual tive que aguardar 15 min para que o que me foi injectado percorresse o corpo e após esse tempo estive a ser analisada em 2 máquinas, nas quais não me podia mexer. O resultado mostrou que tinha um nódulo quente. A opinião da médica era fazer a cirurgia para remoção do lobo direito mas ainda assim preferiu enviar-me para a endocrinologia.
A endocrinologista pediu-me que repetisse novamente as análises e a biópsia (Dezembro 2010). Efectivamente o meu nódulo era pequeno mas tinha um aspecto e um contorno muito irregular. Desta vez a biópsia foi efectuada por outra médica a pedido da minha endocrinologista. Entretanto, nada de sintomas, nada de anormal no meu dia-a-dia. Resultado da biópsia? Descoberta de mais um nódulo mas normal, e o inicial deu benigno. Para controlar o hipotiroidismo a médica pediu que começasse a tomar o Eutirox 25 microgramas (levotiroxina sódica) todos os dias, 15 min antes do pequeno almoço.
Ainda assim, a endocrinologista não ficou tranquila. E pediu-me uma nova biópsia e análises passados 5 meses para ver se algo tinha alterações. E avisou-me que se houvesse alguma mudança teriamos que fazer a cirurgia. Até essa data ela disse sempre que aó operava se fosse estritamente necessário, pois tem sempre os seus riscos.
Chegou o mês de Maio (2011). Nova biópsia, as células foram retiradas com sucesso. Na enorme seringa vi uma pequena gota de algo branco, uma parte das células do meu nódulo. Nesta análise a médica disse-me que as minhas microcalcificações já não eram micro, aumentaram. Fiquei logo a contar com a cirurgia. Mas a consulta para saber o resultado foi só no dia 24 de Junho.
Chegado esse dia, na consulta disse-lhe logo que sabia que tinha que ser operada. O resultado das análises estava agora normal, pois com a medicação os valores estabilizaram. A biópsia, essa, teve como resultado "carcinoma papilar". Ou seja, estou neste momento com cancro na tiroide. A endocrinologista disse-me que teria que fazer a remoção total da tiroide, pois nestes casos não se retira apenas o lobo afectado devido ao risco de afectar o outro lobo.
Passou-me novamente para a médica de cirurgia para marcar a data da remoção e para assinar o termo de responsabilidade. Serei operada com urgência, sem entrada em lista de espera. Tenho consulta agora dia 2 de Agosto para tratar desses procedimentos.
Claro que foi um choque contar aos familiares. Só contei aos meus pais, avós e ao meu namorado. Não quero que ninguém tenha pena de mim, eu não estou doente, tenho apenas um corpo estranho dentro de mim. Claro que há pessoas que me vão perguntando se há novidades e aí eu não posso omitir, mas noto que as pessoas ficam sem saber o que dizer, dizem apenas para ter força que vou ficar bem.
Até à próxima consulta resta-me andar tranquila, claro que não é fácil, mas de nada me serve sofrer por antecipação.
Vivo um dia de cada vez e não deixo nada por fazer.
A todos os que possam estar a passar plo mesmo ou algo semelhante, força. Temos que acreditar e lutar...Vamos conseguir!