segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um mês depois da cirurgia


Fez ontem, dia 27 de Novembro, um mês que fui operada.
Sinto-me praticamente normal, só ainda não consigo inclinar a cabeça totalmente para trás. Já conduzi no fim de semana passado, já faço todos os movimentos com normalidade, já abusei um bocadinho a pegar em coisas pesadas e até durmo de barriga para baixo como tanto gosto.
Todas as manhãs e noites sinto dor na cicatriz. Penso que é normal, 1 mês não é assim tanto. Também tem estado um bocadinho avermelhada mas é do frio. O buraco do dreno está saliente, parece uma borbulha. Continuo a tomar o cálcio e o eutirox 125.
Hoje fui ao hospital para recolher sangue para análise. No próximo dia 6 irei saber o resultado da análise para ver como estão os níveis de cálcio e se a dose do eutirox precisa de ser ajustada.
Aproveitei para visitar as "minhas" enfermeiras. Gostaram de me ver e disseram que a cicatriz está bonita, depois quase nem se vai notar e que a marca do dreno irá desaparecer.
Ainda não recebi a carta com o resultado da cirurgia e a marcação de consulta com o oncologista. Deve estar para chegar. Não me apetece muito fazer o iodo mas se tiver que ser, que seja...
No geral, sinto-me normalíssima. Não estranho a medicação todas as manhãs porque já tomava o eutirox todas as manhãs há algum tempo, mas em dose mais reduzida. A única diferença são os cuidados com a cicatriz (nívea e nada de sol). A dor entretanto irá desaparecer.
Relativamente à publicação na revista Cosmopolitan, tenho recebido elogios. Espero mesmo que elucide para a prevenção e que ajude a tranquilizar quem estiver a passar pelo mesmo.
Quanto mais cedo se descobrem os problemas mais fácil e certeira é a cura...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A minha história na Cosmopolitan


Já saiu a Cosmopolitan do mês de Dezembro...
Toca a comprar porque vem lá a minha história, como tudo aconteceu comigo.
Já comprei e vou guardar para sempre, para mostrar aos meus filhos e netos.
Desta forma vou conseguir levar a minha mensagem a muitas pessoas, tenho a certeza. Nem que ajude apenas uma já cumpro o meu objectivo.
Se lerem depois digam-me se gostaram...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A quem está a passar pelo mesmo...

Este é o cancro que para a medicina tem mais taxas de cura. Quando detectados precocemente, 95% dos casos são tratados com sucesso não causando qualquer incapacidade. Leiam, pesquisem, informem-se, procurem alguém que esteja a passar pelo mesmo ou tenha já ultrapassado. Embora pareça, não é o fim do mundo. Há pessoas com problemas muito mais graves, há que não tenha comida para matar a fome, há quem não tenha um teto para dormir todas as noites, há quem não tenha um abraço aconchegante todos os dias, há crianças, seres tão pequenos a serem abandonadas, maltratadas, doentes, também com cancro... Há tanta gente pior que nós. Pensem nessas pessoas quando se sentirem em baixo, quando acharem que a vida está a ser injusta com vocês. Qual é a justiça da vida para essas pessoas?
Acreditar é a maior força... Lutem sempre... Agarrem-se a alguma coisa e digam "Eu vou ser capaz", porque eu também VOU SER CAPAZ...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Agora todas as manhãs acordo com dores na cicatriz...depois vai passando...
Não sei se será normal, mas espero que sim...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Para a minha querida Sheila

Quando se atravessa uma situação assim, todas temos necessidade de procurar testemunhos de pessoas que tenham passado por situações semelhantes. Vão surgindo sempre muitas dúvidas e nada melhor que casos reais para esclarecer todos os pormenores. Ao longo do meu processo sempre procurei muita informação e decidi criar este blog para poder partilhar toda a minha experiência, ajudar outras pessoas em passem pelo mesmo, encontrando assim também ajuda para mim. A Sheila foi um anjo que me encontrou a mim e que foi, desde esse dia, um pilar importante. Ela também já passou por esta situação e melhor que ninguém me falou de todos os pormenores. Foi sempre uma amiga, muito prestável, preocupadíssima comigo e que me tranquilizou. Sem dúvida que se não a tivesse conhecido as coisas terias sido bem diferentes. Quero assim agradecer-lhe por tudo o que ela fez por mim e continua a fazer. somos duas vencedoras e tenho muito orgulho em nós... 
Agradeço-te muito por tudo Sheila e tu também és especial. Obrigada pela dedicatória no teu blog...
Um beijo

PS: Para todos os que quiserem conhecer a pessoq de quem falo http://docerefugio.blogs.sapo.pt/ 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

19 dias depois

Hoje está assim...


Ainda não tive coragem de dormir de barriga para baixo, mas já me deito sem apoiar a cabeça. Também ainda não experimentei conduzir nem me atrevi a pegar em coisas pesadas, tipo um garrafão cheio de água. Mantenho a nívea que me alivia bastante quando a cicatriz está mais seca. Já não tenho qualquer problema em passar o dedo sobre ela, está muito lisa e sem imperfeições ao toque. Acho que está muito perfeita e vai ficar bem discreta. O buraco do dreno vai desaparecer por completo. Ainda não passaram 3 semanas, fez hoje 19 dias.

2 semanas após a cirurgia




Duas semanas depois de ser operada, como podem ver, a minha cicatriz está muito melhor. Saí muito pouco de casa estes dias com medo de me constipar. Tenho posto sempre nívea e as croscas foram caindo por elas. Já consigo fazer alguns movimentos que não conseguia. Mas ainda não estou totalmente recuperada. Um destes dias deitei-me sem apoiar a cabeça e dei um esticão que fiquei com uma dor durante um bocado. Também tentei esticar a cabeça para trás e ainda não dá, magoei-me. Mas já consegui fazer as minhas necessidades com normalidade (antes só podia fazer quando não aguentava mais, para não ter que fazer força). A sede e o sono em excesso já passaram. A sensação de pressão também passou entretanto. A minha pele que tinha ficado muito oleosa, assim como o meu cabelo, já voltaram ao normal, mas o cabelo ainda cai demasiado. Comprei umas ampolas e um champõ para ver se começa a cair menos. Está tudo a correr bem.

Consulta 6 dias pós cirurgia



Ainda sem poder conduzir, fui acompanhada pela minha irmã à consulta. Estavam passados apenas 6 dias após a cirurgia e o cirurgião, junto com a minha médica e uma enfermeira esperavam-me para ver como estava a cicatriz. Após desinfectada todos concordaram que estava bonita e que iria passar a andar sem penso. A médica queria que eu a visse ao espelho, porque ainda não tinha tido coragem de o fazer. Acabei por ver, estava mesmo pequena mas tinha crostas, meteu-me alguma impressão, mas teria que aprender a gostar dela... Disseram-me para colocar nívea e nunca andar na rua sem lenço. O sol, mesmo quando está escondido, escurece as cicatrizes. Também não posso usar camisolas de gola alta ou justas ao pescoço para não roçar na cicatriz. Fui proibída de arrancar as crostas. Os medicamentos foram alterados, como o Calcioral está esgotado ele receitou-me o Ideos e assim passo a tomar só 2 por dia. Os restantes mantém-se. Ficou marcada nova recolha de sangue para dia 28 de Novembro e consulta para ver os resultados dia 6 de Dezembro. Nessa consulta ficarei a saber se preciso de continuar com o cálcio e se é necessário ajustar a dose de eutirox. Entretanto, receberei em casa a carta com o resultado do nódulo e a marcação de consulta com um oncologista.
Notei que desde a operação passei a ter muito sono, muita sede e arrepios de frio. Fui alertada que irei ter mais sensibilidade ao frio e calor e que não devo irritar-me/chatear-me muito.

4º dia pós cirurgia

A manhã decorreu com a normalidade de sempre, recolha de sangue, comprimidos, pressão arterial, pequeno almoço, banho... Ao contrário dos outros dias, não fiz o curativo.
Fiquei na sala a ver tv, ansiosa por saber os resultados. Queria muito ir para casa. (Deixei de ter formigueiros na ponta dos dedos das mãos e nas pernas e pés ao fim do 2º dia, curioso que nas pernas e pés tinha um formigueiro muito forte só quando ia à casa de banho).
E, finalmente as análises desta manhã acusaram um valor normal (8,5) que me permitiu ter alta. Mas só soube disso ao meio dia. O cirurgião entregou-me a carta para o médico de família, as receitas dos medicamentos, explicou-me a medicação, tudo direitinho e marcou-me consulta para dois dias depois para ver como estava a cicatriz.
Entretanto encontrei a cirurgiã que esteve presente também na cirurgia e ela disse-me que tiva havido uma falta de comunicação no dia anterior, que poderia ter ido para casa só que a médica que viu o resultado das análises não sabia que para além de toda a tiróide me tinham tirado uma glândula das paratiroides por estar muito próxima do nódulo. Então os valores das análises do dia anterior já eram considerados normais face à retirada dessa glândula.
Despedi-me de toda a gente e às 14 horas estava em casa. Já nem quis almoçar no hospital (detestava a comida de lá).
Já em casa, a sensação de pressão no pescoço continuou, passou apenas ao fim de uma semana. Os movimentos continuaram limitados durante 15 dias sensivelmente. Mas aos poucos fui melhorando e voltando ao normal. Passei a tomar 6 comprimidos de cálcio (calcioral) por dia, o eutirox 125mg e o fixador de cálcio (racaltrol). Desde que voltei a casa que não quis tomar o comprimido para as dores para ver como me aguentava e não tive dores. Claro que se sente sempre uns ardores e a pressão, mas nada que não se aguente. Tive de ter cuidado com os banhos para não molhar o penso e estava completamente proibída de fazer qualquer força.

3º dia pós cirurgia

Este foi o dia em que mais me fui abaixo.. Supostamente iria ter alta, não fossem os níveis de cálcio estarem muito em baixo ainda. Comecei o dia com a recolha de sangue às 6 da manhã, tomei os comprimidos para o cálcio e o anti-inflamatório.
Continuou o ritual do banho completo e entretanto o cirurgião veio falar comigo. Deu-me todas as indicações e as credenciais para ir para casa, mas disse-me que ainda não tinham saído os resultados da análise, logo ele ainda não sabia como estavam os valores do cálcio mas que deu ordem a uma colega para ver porque ele terminava o turno.
Enquanto esperava fui fazer o curativo. Fiquei muito assustada. A cicatriz estava a largar um líquido e como andava lá um surto de infecções nas cicatrizes da tiroide todas ficámos a pensar o pior. A enfermeira chamou outra colega e queria ir chamar o meu médico, mas como ele já não estava foi falar com a médica que estava de serviço. Disse que talvez não houvessem razões para alarme. Mais tarde falei com o meu médico e ele disse que era normal devido ao tipo de sutura que ele me fez e por ter tirado os pontos cedo.
Finalmente saiu o resultado dos níveis de cálcio, 7,5. Valor muito baixo ainda, ou seja mais um dia no hospital quando estava mesmo a contar ir para casa. Fiquei muito triste neste dia.
Como era domingo, a tarde até passou rápido porque tive muitas visitas. Mas é cansativo estar internada quando já me sentia bem e quase sem dor, apenas com os movimentos ainda limitados. Mas quanto aos movimentos, fui aprendendo a mexer-me, dormir, etc de maneira a não me magoar tanto.
Jantei, levei a injecção e fiquei a ver tv até às 23:30 para ver se conseguia passar melhor a noite, porque dormi sempre muito mal lá. Entretanto não sei o que se passou com o meu cateter que começou a magoar-me a arder, fui à enfermeira que me retirou todos os adesivos e viu que estava tudo bem. Só no dia seguinte quando me retiraram o cateter é que vi o porquê de me estar a incomodar, estava todo torto, feito num S.
Mais uma noite...

sábado, 12 de novembro de 2011

2º dia pós cirurgia

Recomeçou com o ritual de medir a pressão arterial, recolha de sangue, pequeno almoço e continuação da enorme pressão no pescoço, à qual se juntou a dor nas costas, associada à má postura. Temos tendência a andar com a cabeça para baixo e as costas tortas para não esticar o pescoço. Tentei contrariar isso mas ainda hoje tenho momentos que me esqueço e ando curvada. A anestesia rebentou-me os lábios, de início pensei que tivesse sido do entubamento, mas vi que não porque elas foram aparecendo todos os dias.
Medicação para subir o cálcio e anti-inflamatório.
Deram-me autorização para tomar banho completo e sem ajudas. Confesso que tive medo de o fazer sozinha e estava reticente para lavar a cabeça com medo de levantar os braços. Ainda tinha o dreno. Demorei algum tempo a conseguir mas nem custou nada de outro mundo.
Fui fazer o curativo, tinha o penso molhado. Retiraram-me os restantes pontos e o dreno. Não vos vou mentir, mas o dreno custou bastante a tirar. Estava preso com 2 pontos e começou a cicatrizar com a pele. A sensação é muito estranha, parece que estão a tirar a tripa a uma galinha e a dor é forte. Ao mesmo tempo foi um alívio por saber que não tinha que carregar mais com aquilo. É muito desconfortável andar com aquele "bebé" (como as enfermeiras chamavam) sempre atrás.
Os valores de cálcio continuavam baixos e ainda não teria alta. Só no dia seguinte.
Comecei a passar os meus dias na sala onde tinha uma tv e uns sofás desconfortáveis com uma amiga que estava na mesma situação que eu. Fomos uma grande ajuda uma à outra e partilhámos tudo o que iamos sentindo para ver se seria normal. Deixei de ter paciência para estar no quarto ou na cama. Continuava sem vontade de ler. E todos os dias ao jantar era picada na barriga, como referi antes, para o sangue não coagular.
Aquela dor interna na garganta passou.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

1º dia pós cirurgia

(Foto retirada no dia seguinte à cirurgia)

24 horas após a cirurgia (28 Outubro) posso contar-vos que a noite foi muito mal passada, como referi antes, o medo de arrancar o dreno ou o soro era muito, o conforto também não era muito e a mobilidade muito reduzida.
Acordei cedo, às 7 da manhã, para me recolherem sangue e medir a temperatura. Esta foi uma rotina que fui aprendendo durante todos os dias de internamento. É importante esta recolha sanguínea para controlar os níveis de cálcio. Com esta cirurgia, uma das possíveis consequências é a baixa de cálcio e também a rouquidão. Avisaram-me logo para estar atenta aos formigueiros que poderia ter nas mãos, pés ou boca. Deveria avisar as enfermeiras se isso acontecesse. Isso são os primeiros sintomas da baixa de cálcio.
Por volta das 8 e meia retiraram-me o soro mas continuei com o cateter porque poderia ter que levar algum medicamento e evitavam de me voltar a picar.
Pela primeira vez após a cirurgia tive autorização para me levantar. Com ajuda lá me sentei na cama, mas tive muitas tonturas. Fiquei assim sentada por uns minutos antes de me levantar. No local da cicatriz sentia ainda mais pressão e ardor. Retomei os alimentos, e tomei um pequeno almoço normal, com alguma dor interna ao engolir. Só me deixaram tomar duche e com ajuda, não consegui nem vestir-me sozinha.
Hora do curativo, com autorização para retirar metade dos pontos. No dia da cirurgia cheguei a perguntar ao cirurgião quantos pontos tinha mas ele não ajudou muito "10, 20, 30, 40, 50, os suficientes". A enfermeira contou 11 pontos mas recusou-se a retirar os 5 que estavam autorizados alegando que ainda era muito cedo, o médico que os tirasse. Então tratou das feridas e voltou a tapar.
Voltei para o quarto e entrou logo o cirurgião e a minha médica. Retiraram o penso e eliminaram os 5 pontos. Não tive coragem de ver o corte ao espelho, mas tirei foto (foto ilustrativa do post "de volta a casa"). Foram ver o resultado da análise e os níveis de cálcio estavam baixos, mas ainda não tinha tido formigueiros. Fui logo medicada (uma embalagem via cateter e uma injecção).
Almocei normal.
Iniciei comprimidos de cálcio e anti-inflamatório. Senti necessidade de descansar, cada vez era mais forte a pressão no pescoço, parecia que tinha alguém a apertar-me. Mas no geral estava bem disposta.
Senti novamente cansaço ao fim da tarde e depois de jantar fiquei com catarro, tinha necessidade de tossir para o soltar. Era uma sensação estranha, não doía mas tinha medo de rebentar com a costura. Comecei a sentir o formigueiro nas pontas dos dedos das mãos. Deram-me um comprimido para as dores antes de dormir. Mais uma noite mal dormida. Supostamente teria alta no 2º dia após a cirurgia, mas com os níveis de cálcio baixos não me deixam ir para casa, só quando voltarem ao normal.



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O dia da cirurgia

(Foto retirada no dia da cirurgia, durante a tarde)

Chegado o dia D (27 de Outubro 2011), quinta-feira, fui acordada pelas enfermeiras às 6 e meia para me preparar para a cirurgia. Estava marcada para as 8 horas. Entregaram-me uma toalha e uma bata que era aberta nas costas para vestir após o duche. Não podia ter verniz, brincos, piercings, pulseiras, etc. Então tratei de tirar o piercing, a grande custo, mas lá consegui. Arranjei-me e fiquei à espera na cama porque tinha que ir nessa boleia para o bloco, não me deixaram ir pelo próprio pé. Aí é que comecei a ficar um bocadinho nervosa, foi quando caí na real. Não sou de sofrer por antecipação, mas tinha chegado a hora. Entretanto, no quarto, meteram-me a soro, deram-me um comprimido que depois soube que era um calmante e desci às 7 e 40.
Colocaram-me numa sala grande onde estavam mais umas quantas pessoas na minha situação. Tive mais um tempinho, aí uns 10 minutos, talvez, para voltar ao estado nervoso. Entretanto levaram-me para a janela onde fui transferida através de uma passadeira rolante, que deu a sensação que ia cair, e passaram-me para uma plataforma muito estreita, ensima da qual fui operada. Senti algum frio, pois na zona dos blocos as temperaturas são muito baixas para prevenir o desenvolvimento de bactérias.
Finalmente na sala de operações, tal e qual como se vê nos filmes, aqueles aparelhos todos, lampadas, etc. Nunca na vida tinha sido operada, foi tudo novidade. Já na sala lembro-me de estar com a anestesista que conversou comigo e disse que me ia fazer uma única maldade que era colocar-me uma fita na testa que tinha muitos picos, doeu um bocadinho mas nada de mais, fiquei com ela durante a operação mas ainda hoje não sei para que era aquilo. Falei com o cirurgião, prometeu fazer um corte pequenino e não me deixar sem voz. Disse-me que a cirurgia demoraria 2 horas e meia. Lembro-me de ter 2 enfermeiras bastante jovens e simpáticas que me prenderam os braços, colocaram a mola no dedo, os selos para estar ligada à máquina por causa do coração, calçaram-me umas botas quase até ao joelho para eu não ter frio. Não tenho a certeza mas acho que também havia um enfermeiro. Foram todos impecáveis comigo, e mantive-me calma. Senti darem-me uma injecção no cateter, um líquido branco, e tinha perto da boca uma máscara que a anestesista segurava. Disseram-me que me iam acordar no fim da cirurgia e que eu falaria para eles e depois não me iria lembrar (aconteceu exactamente isso). Entretanto, fui alertada que iria ver tudo a andar à roda e aconselharam-me a fechar os olhos, apartir daí não me lembro de mais nada, lembro-me apenas de ouvi-los dizer "são 11 horas". Ou seja, já tinha sido operada.
Fui para a sala de recobro e colocaram-me um tubo no nariz para ajudar na respiração, senti alguma dor a colocarem isso. Tinha o aparelho de medir a pressão arterial no braço, que ia medindo de x em x minutos (não tenho noção do intervalo de tempo) e tinha a mola no dedo que era muito desconfortável. Queria manter-me acordada mas não conseguia, sei que andava por lá muita gente e havia sempre um enfermeiro que ia de x em x tempo ao pé de mim e escrevia num caderno. Não tinha dores, estava meia hipnotizada ainda, tinha a noção de onde estava mas só queria dormir. A minha mãe chegou a ligar para lá para saber como tinha corrido e disseram-lhe que eu estava muito dorminhoca. Fiquei 3 horas no recobro. Não me recordo do caminho até ao quarto, mas sei que cheguei lá eram 14 horas.
Continuei a dormir e não me lembro de muita coisa, continuava a soro e tinha um dreno para onde eram libertados os restos de sangue (uma espécie de garrafão transparente que se manteve comigo durante 2 dias e que ia comigo para todo o lado). A única coisa que sentia no pescoço era uma pressão enorme, parecia um grande peso. Para as dores deram-me uma dose forte.
Recebi visitas nessa tarde, descobri que não estava rouca. Estava bem disposta mas adormecia sem dar por mim.
Serviram-me um chá às 20 horas, soube bem mas tinha dores na garganta, semelhantes às de uma normal inflamação na garganta. Estas dores foram causadas pelo entubamento durantea  cirurgia. Para quem não sabe, depois de estar a dormir eles fazem umas maldades, colocam um tubo na boca para ajudar na respiração. Mas essa dor passou ao fim de 2 dias.
Deixaram-me descansar e então comecei a sentir dores no local e nas costas. Neste dia o médico ainda passou no quarto (ao início da tarde) e proibiu-me de sentar ou levantar. Então como tive muita necessidade de fazer os meus xixis, devido ao soro, pedi a arrastadeira umas 8 vezes.
Foi muito complicado dormir pois tinha medo de arrancar alguma coisa durante a noite, soro de um lado e dreno para o outro, mas também não tinha muita mobilidade. Ajudavam-me de vez em quando a virar um bocadinho de lado apoiada numa almofada. Mas era desconfortável porque sentia dor no corte.
Noite mal dormida...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Internamento

Nos próximos posts vou contar como correram os meus dias durante o internamento.

Fez hoje exactamente 2 semanas que fui internada nos HUC para fazer a minha cirurgia. Fui internada às 9 da manhã do dia 26 de Outubro, em jejum, para serem efectuados todos os exames necessários. Foi uma manhã chuvosa e stressante não tanto devido ao que iria acontecer mas por causa do trânsito que apanhámos, eu e a minha irmã, até Coimbra e também pelo tempo que demorámos a conseguir arranjar um estacionamento no hospital (seguramente andámos 40 min dentro dos HUC à procura de um lugar).
Dei entrada na secretaria do piso 3, onde encontrei a minha médica que me apresentou ao cirurgião. Larguei as coisas no quarto e fui à enfermeira que me recebeu logo bem, com um cateter no meu bracinho. Ai que dor... Aproveitou e recolheu logo sangue para análise, através do cateter. Tomei um pequeno almoço que me esperava, já frio, o típico leite com café e um pão com queijo (queijo que eu detesto). Juntamente com 2 outras senhoras que iriam fazer também cirurgia à tiróide, fui ao otorrino, que me viu apenas a garganta e aproveitou para me elogiar os dentes. Fizemos um raio-x ao torax, conheci a anestesista que me colocou algumas perguntas me auscultou. Soube por ela que seria a primeira da manhã a ser operada, às 8 horas. Seguiu-se um electrocardiograma (que confirmou um bloqueio incompleto no ramo direito), pressão arterial e febre.
Por incrível que pareça não estava nervosa, apenas tinha frio e sentia-me sozinha. Queria conseguir fazer alguma coisa para passar o tempo mas não conseguia nem ler nem pegar no pc.
À hora de jantar deram-me uma injecção na perna, para o sangue não coagular. Tomei essa injecção todos os dias mas passaram a dar-ma na barriga, até ao dia de vir embora.
Fui para a cama às 20:50 sem saber o que fazer. No hospital tudo se faz cedo demais...
Desisti da cama e fui até à sala onde tinha uma tv. Acabei por me deitar às 23h, sempre com dificuldades em dormir, durante todo o internamento. Fui acordada pelas enfermeiras à 1:45 para as observações de rotina que me viria a habituar (medir pressão arterial e febre). Adormeci, calma...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

De volta a casa


Olá a todos,
Estou de volta a casa...
Aliás voltei na passada 2ª feira, dia 31. Não correu exectamente como estava previsto porque os meus níveis de cálcio baixaram imenso e teimavam não normalizar. Agora em casa estou a tomar 8 comprimidos diários e a curar bem a minha cicatriz para que fique quase imperseptível. 
Esta foto foi tirada passadas 24 horas da minha cirurgia, na manhã do dia seguinte. Levei 11 pontos. Neste momento não tenho pontos e já tirei o penso na 4ª feira.
Ainda tenho os movimentos presos e a sensação constante de que me estão a apertar o pescoço, normal da cicatrização.
Em breve descreverei como tudo correu, pormenorizadamente.

Está tudo a correr bem...