(Foto retirada no dia da cirurgia, durante a tarde)
Chegado o dia D (27 de Outubro 2011), quinta-feira, fui acordada pelas enfermeiras às 6 e meia para me preparar para a cirurgia. Estava marcada para as 8 horas. Entregaram-me uma toalha e uma bata que era aberta nas costas para vestir após o duche. Não podia ter verniz, brincos, piercings, pulseiras, etc. Então tratei de tirar o piercing, a grande custo, mas lá consegui. Arranjei-me e fiquei à espera na cama porque tinha que ir nessa boleia para o bloco, não me deixaram ir pelo próprio pé. Aí é que comecei a ficar um bocadinho nervosa, foi quando caí na real. Não sou de sofrer por antecipação, mas tinha chegado a hora. Entretanto, no quarto, meteram-me a soro, deram-me um comprimido que depois soube que era um calmante e desci às 7 e 40.
Colocaram-me numa sala grande onde estavam mais umas quantas pessoas na minha situação. Tive mais um tempinho, aí uns 10 minutos, talvez, para voltar ao estado nervoso. Entretanto levaram-me para a janela onde fui transferida através de uma passadeira rolante, que deu a sensação que ia cair, e passaram-me para uma plataforma muito estreita, ensima da qual fui operada. Senti algum frio, pois na zona dos blocos as temperaturas são muito baixas para prevenir o desenvolvimento de bactérias.
Finalmente na sala de operações, tal e qual como se vê nos filmes, aqueles aparelhos todos, lampadas, etc. Nunca na vida tinha sido operada, foi tudo novidade. Já na sala lembro-me de estar com a anestesista que conversou comigo e disse que me ia fazer uma única maldade que era colocar-me uma fita na testa que tinha muitos picos, doeu um bocadinho mas nada de mais, fiquei com ela durante a operação mas ainda hoje não sei para que era aquilo. Falei com o cirurgião, prometeu fazer um corte pequenino e não me deixar sem voz. Disse-me que a cirurgia demoraria 2 horas e meia. Lembro-me de ter 2 enfermeiras bastante jovens e simpáticas que me prenderam os braços, colocaram a mola no dedo, os selos para estar ligada à máquina por causa do coração, calçaram-me umas botas quase até ao joelho para eu não ter frio. Não tenho a certeza mas acho que também havia um enfermeiro. Foram todos impecáveis comigo, e mantive-me calma. Senti darem-me uma injecção no cateter, um líquido branco, e tinha perto da boca uma máscara que a anestesista segurava. Disseram-me que me iam acordar no fim da cirurgia e que eu falaria para eles e depois não me iria lembrar (aconteceu exactamente isso). Entretanto, fui alertada que iria ver tudo a andar à roda e aconselharam-me a fechar os olhos, apartir daí não me lembro de mais nada, lembro-me apenas de ouvi-los dizer "são 11 horas". Ou seja, já tinha sido operada.
Fui para a sala de recobro e colocaram-me um tubo no nariz para ajudar na respiração, senti alguma dor a colocarem isso. Tinha o aparelho de medir a pressão arterial no braço, que ia medindo de x em x minutos (não tenho noção do intervalo de tempo) e tinha a mola no dedo que era muito desconfortável. Queria manter-me acordada mas não conseguia, sei que andava por lá muita gente e havia sempre um enfermeiro que ia de x em x tempo ao pé de mim e escrevia num caderno. Não tinha dores, estava meia hipnotizada ainda, tinha a noção de onde estava mas só queria dormir. A minha mãe chegou a ligar para lá para saber como tinha corrido e disseram-lhe que eu estava muito dorminhoca. Fiquei 3 horas no recobro. Não me recordo do caminho até ao quarto, mas sei que cheguei lá eram 14 horas.
Continuei a dormir e não me lembro de muita coisa, continuava a soro e tinha um dreno para onde eram libertados os restos de sangue (uma espécie de garrafão transparente que se manteve comigo durante 2 dias e que ia comigo para todo o lado). A única coisa que sentia no pescoço era uma pressão enorme, parecia um grande peso. Para as dores deram-me uma dose forte.
Recebi visitas nessa tarde, descobri que não estava rouca. Estava bem disposta mas adormecia sem dar por mim.
Serviram-me um chá às 20 horas, soube bem mas tinha dores na garganta, semelhantes às de uma normal inflamação na garganta. Estas dores foram causadas pelo entubamento durantea cirurgia. Para quem não sabe, depois de estar a dormir eles fazem umas maldades, colocam um tubo na boca para ajudar na respiração. Mas essa dor passou ao fim de 2 dias.
Deixaram-me descansar e então comecei a sentir dores no local e nas costas. Neste dia o médico ainda passou no quarto (ao início da tarde) e proibiu-me de sentar ou levantar. Então como tive muita necessidade de fazer os meus xixis, devido ao soro, pedi a arrastadeira umas 8 vezes.
Foi muito complicado dormir pois tinha medo de arrancar alguma coisa durante a noite, soro de um lado e dreno para o outro, mas também não tinha muita mobilidade. Ajudavam-me de vez em quando a virar um bocadinho de lado apoiada numa almofada. Mas era desconfortável porque sentia dor no corte.
Noite mal dormida...
Noite mal dormida...
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