Recomeçou com o ritual de medir a pressão arterial, recolha de sangue, pequeno almoço e continuação da enorme pressão no pescoço, à qual se juntou a dor nas costas, associada à má postura. Temos tendência a andar com a cabeça para baixo e as costas tortas para não esticar o pescoço. Tentei contrariar isso mas ainda hoje tenho momentos que me esqueço e ando curvada. A anestesia rebentou-me os lábios, de início pensei que tivesse sido do entubamento, mas vi que não porque elas foram aparecendo todos os dias.
Medicação para subir o cálcio e anti-inflamatório.
Deram-me autorização para tomar banho completo e sem ajudas. Confesso que tive medo de o fazer sozinha e estava reticente para lavar a cabeça com medo de levantar os braços. Ainda tinha o dreno. Demorei algum tempo a conseguir mas nem custou nada de outro mundo.
Fui fazer o curativo, tinha o penso molhado. Retiraram-me os restantes pontos e o dreno. Não vos vou mentir, mas o dreno custou bastante a tirar. Estava preso com 2 pontos e começou a cicatrizar com a pele. A sensação é muito estranha, parece que estão a tirar a tripa a uma galinha e a dor é forte. Ao mesmo tempo foi um alívio por saber que não tinha que carregar mais com aquilo. É muito desconfortável andar com aquele "bebé" (como as enfermeiras chamavam) sempre atrás.
Os valores de cálcio continuavam baixos e ainda não teria alta. Só no dia seguinte.
Comecei a passar os meus dias na sala onde tinha uma tv e uns sofás desconfortáveis com uma amiga que estava na mesma situação que eu. Fomos uma grande ajuda uma à outra e partilhámos tudo o que iamos sentindo para ver se seria normal. Deixei de ter paciência para estar no quarto ou na cama. Continuava sem vontade de ler. E todos os dias ao jantar era picada na barriga, como referi antes, para o sangue não coagular.
Aquela dor interna na garganta passou.
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